sexta-feira, 11 de julho de 2008

João Roberto


Desculpas, Senhor Beltrame?

Desculpas não sorriem. Não pedem beijos para sarar o dodói.

Desculpas não rolam na cama, fazendo cosquinha. Não se esgueiram pela cama dos pais pedindo para dormir junto “só por hoje”. Não dizem eu te amo. Não correm até cansar. Não dão beijos melados.

Desculpas não tem bochechas gorduchas, não dormem encolhidinhas no meio da história. Desculpas não pedem só mais um minutinho para terminar a brincadeira. Não tem a pele gelada e molhadinha depois do banho. Não tem cheiro de infinito.

Desculpas não olham para gente como se tivéssemos todas as respostas do mundo. Não abraçam com dedinhos sujos de chocolate. Não se disfarçam de super homem, homem aranha, não perguntam por que o céu é azul.

Desculpas não aquecem o coração.

Até quando? Até quando nossas crianças vão morrer sem que nada seja feito?

Uma sociedade que não protege suas crianças condena a si própria. Afoga suas próprias esperanças.

João Roberto não vai fazer 4 anos. Nem 5 ou 10. Ele não vai descobrir a cura da AIDS, nem será presidente da República. João Roberto não inventará um programa revolucionário de computador. Não solucionará a fome do mundo. Não irá amar, ter filhos, deixar no mundo um pedaço de si. Não morreu “apenas” João Roberto, morreu toda a história, todas as esperanças, toda a possibilidade de futuro que havia em sua mãozinha estendida e em seu sorriso aberto.

Desculpas? Não existem.



Por João Roberto, Isabela, João Hélio, Renan, Breno...e tantos outros, vítimas de bandidos que usam ou não uma farda. Vítimas de uma sociedade que se mata a cada dia e destrói sua possibilidade de evolução

 
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