sexta-feira, 4 de abril de 2008

Internet, Mentiras e Video Tape



Domingo passado, o meu vício por BBB me levou a assistir um programa que eu odeio: Domingão do Faustão. Não vou listar aqui as causas de detestar o programa, mas uma fala do apresentador ficou na minha cabeça por toda a semana. Quando o Rafael Almeida foi questionado sobre uma notícia que havia aparecido na internet, o Fausto, daquela maneira "hiper delicada de ser", disse que a internet é o penico do mundo. Que nela se fala e se faz qualquer coisa.
Existem jeitos mais elegantes de dizer isso, mas que a intenet se tornou um celeiro fértil para todo tipo de mentiras, teorias de conspiração e malucos de plantão, eu não duvido. Escondidos atrás de nicks e de um monitor, cada um pode dizer e se transformar no que quer. Muitas vezes, sem medir as conseqüências de seus atos.
Dessa cena, e de algumas elucubrações mentais durante essa semana, nasceu, uma não muito ortodoxa classificação de mentirosos da net. Não existe qualquer rigor científico e qualquer semelhança com fatos, pessoas ou lugares reais terá sido mera coincidência...hehehe, eu sempre quis escrever essa frase!

O Solitário: Em geral são inofensivos. Só querem companhia e um pouco de atenção. Suas mentiras são quase ingênuas e só tem a intenção de atrair. Podem contar vantagens, de viagens, amigos ou saídas, mas no fundo se sentem vazios. Não costumam criar muitos laços, por que suas histórias são frágeis e logo descobertas, então se movem para outros grupos e começam tudo de novo.

O Sofredor Profissional: Também conhecido como Hipocondríacus Sufridus, ele tem sempre uma doença nova, um problema novo, um caso grave e irreversível na família. É uma sub espécie do tipo solitário. Também quer atenção e tenta conseguir através do sofrimento, mesmo que inventado. No fundo ele sofre mesmo, mas não de uma doença no corpo e sim na alma.

O Hipócrita: Esse tem uma vida perfeita. E se sente perfeito. Ele tem altos ideais, uma vida acima de qualquer suspeita e uma moral inatacável...até a página cinco. Olhado de perto as contradições aparecem. O perigo do hipócrita é quando ele se transforma no próximo tipo...

O Patológico: Ele mentiu tanto e tantas vezes que passou a acreditar no que diz! Ele defende suas histórias com tal paixão que qualquer um menos avisado acredita! Ele é capaz de ser pego em contradição e transformar a história a seu próprio favor. É um tipo perigoso, por que é desagregador. Ele não hesitará em manipular pessoas para que corroborem com suas histórias, não terá crises de consciência em distorcer fatos e invariavelmente provocará dores em seu caminho.

O Picareta: De todos, esse é o mais perigoso. Ele não quer apenas atenção, nem ser mimado ou paparicado. Ele quer o número do seu cartão de crédito, sua conta bancária ou esvaziar sua carteira. É sedutor, servil muitas vezes. Ele tenta se mostrar acima de qualquer suspeita, mas nas entrelinhas tentará arrancar detalhes de sua vida financeira.

Eu já conheci todos os tipos acima, em menor ou maior grau...Um tombo aqui, outro acolá e apesar dos arranhões sobrevivi a todos. Ainda gosto de navegar, de bater papo em blog, de conversar no msn, mas ando tendo aulas intensivas de como me tornar menos ingênua(até ameaças de cascudo! kkk). Vale a pena ainda acreditar no ser humano, mas não custa ter cuidado!


"Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício. A premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga. Compor a candura com todos os elementos negros que trabalham no cérebro, querer devorar os que o veneram, acariciar, reter-se, reprimir-se, estar sempre alerta, espiar constantemente, compor o rosto do crime latente, fazer da deformidade uma beleza, fabricar uma perfeição com a perversidade, fazer cócegas com o punhal, por açúcar no veneno, velar na franqueza do gesto e na música da voz, não ter o próprio olhar, nada mais difícil, nada mais doloroso. 0 odioso da hipocrisia começa obscuramente no hipócrita. Causa náuseas beber perpetuamente a impostura. A meiguice com que a astúcia disfarça a malvadez repugna ao malvado, continuamente obrigado a trazer essa mistura na boca, e há momentos de enjôo em que o hipócrita vomita quase o seu pensamento. Engolir essa saliva é coisa horrível. Ajuntai a isto o profundo orgulho. Existem horas estranhas em que o hipócrita se estima. Há um eu desmedido no impostor. O verme resvala como o dragão e como ele retesa-se e levanta-se. O traidor não é mais que um déspota tolhido que não pode fazer a sua vontade senão resignando-se ao segundo papel. É a mesquinhez capaz da enormidade. O hipócrita é um titã-anão. "

Victor Hugo, in "Os Trabalhadores do Mar"

 
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