domingo, 24 de agosto de 2008

Vinte e quatro anos depois...


Eu amo vôlei, sou daquelas que acordo na madrugada, acompanho os campeonatos e sei de cor a escalação da seleção de 1992, incluindo os reservas!. Desde que, anos atrás, me apaixonei pelas pernas do Renan. Tudo bem que não foi uma maneira nobre de conhecer o esporte...Era um tempo muito distante da realidade atual. Vôlei era coisa de outro mundo e nós, os patos que sempre apanhávamos em qualquer campeonato. Até surgir a geração de Renan, Montanaro, Willian... A geração também de um levantador, reserva, baixinho, falador que muita gente nem lembra que fazia parte daquele time. Bernardinho.
Um verdadeiro abismo separa o Brasil do levantador Bernardinho do Brasil do treinador Bernadinho. Mas, quis o tal espírito olímpico, que hoje, esses dois Bernardinhos se encontrassem num mesmo resultado: final de Olimpíada, contra os EUA e...medalha de prata. Igual a 24 anos atrás?
Esse time nos acostumou mal. São 8 anos de hegemonia, 26 torneios e 24 pódios, 6 Campeaonatos da Liga Mundial, um Panamericano, duas Copa do Mundo, um Ouro Olímpico. De alguma forma eles nos convenceram que eram imbátiveis. Só que não são. Super atletas talvez, mas não super heróis.
Esse é um país de memória curta e talvez alguns esqueçam que quando Bernadinho assumiu, apesar do Brasil já ter sido camprão Olímpico estavamos completamente desacreditados. Sem títulos importantes, desagredados, com problemas de relacionamento. E foi desse buraco que o Brasil saiu para se tornar referência mundial em vôlei.
Será que vale tudo pela medalha de ouro? Será que vale inclusive "engolir" um jogador desagregador e que tinha perdido o respeito do grupo? Qual o peso da falta de Ricardinho nesse time?
Para quem acompanha o vôlei com menos paixão que eu, vale lembrar que não é a primeira vez que Ricardinho é cortado da seleção brasileira, aconteceu antes, nos tempos de Radamés Latari, exatamente pelos mesmos motivos; acreditar-se mais importante e mais forte que o resto do grupo. E essa é uma falha que Bernardinho jamais perdoou. Se faria diferença ou não no resultado de hoje, eu não sei. Mas como liçao eu prefiro a prata que valoriza o trabalho conjunto e a força do grupo, apesar de todas as críticas que enfrentaram e enfrentarão.
Eu vi Bernardinho chorando hoje, como assisti, ainda criança, o mesmo choro em 1984. De uma mesma prata. Para um mesmo EUA aparentemente imbatível. Mas a história hoje é muito diferente. O nome que o Brasil construiu, os títulos, a reverência com que é tratado mundo a fora não vão sumir por um dia infeliz e um jogo que não entrou.
Pena que o Brasil ainda deposite nos ombros de tão poucos atletas um peso de responsabilidade enorme. O revezamento 4X100 dos EUA foi eliminado tanto no feminino quanto no masculino, em que eram favoritos ao pódio. Duvido que lá, com tantos atletas e tantas medalhas, aja tanta pressão e cobrança a esses atletas, como haverá aqui à um time que perdeu um jogo.
E para não dizer que não falei de coisas boas....Parabéns as meninas do Zé Roberto que depois de massacradas por aquele bendito 24 a 19 e de tantas acusações de "amarelar", fizeram do amarelo dourado a cor da medalha!
 
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