domingo, 30 de março de 2008

A Paz que trago hoje em meu peito...


A Paz que trago hoje em meu peito é diferente da paz que sonhei um dia....
Quando se é jovem ou imaturo, imagina-se que ter paz é poder fazer o que se quer, repousar, ficar em silêncio e jamais enfrentar uma contradição ou decepção.
Todavia o tempo vai nos mostrando que a paz é resultado do entendimento de algumas lições importantes que a vida nos oferece.
A paz está no dinamismo da vida, no trabalho, na esperança, na confiança e na fé.
Ter paz é ter a consciência tranqüila, é ter certeza que se fez o melhor ou, pelo menos tentou.
Ter paz é assumir responsabilidades e cumpri-las, é ter serenidade nos momentos mais difíceis da vida.
Ter paz é ter ouvidos que ouvem, olhos que vêem e boca que diz palavras que constroem.
Ter paz é ter um coração que ama...
Ter paz é brincar com as crianças, voar com os passarinhos, ouvir o riacho que desliza sobre as pedras e embala os ramos verdes que se espreguiçam em suas águas.
Ter paz é não querer que os outros se modifiquem para nos agradar, é respeitar as opiniões contrárias, é esquecer ofensas.
Ter paz é aprender com os próprios erros, é dizer não quando é não que se quer dizer.
Ter paz é ter coragem de sorrir ou de chorar quando se tem vontade...
É ter forças para voltar atrás, pedir perdão, refazer o caminho, agradecer...
Ter paz é admitir a própria imperfeição e reconhecer os medos, as fraquezas, as carências...
A paz que hoje trago em meu peito é a tranqüilidade de aceitar os outros como são, e a disposição para mudar as minhas próprias imperfeições.
É reconhecer que não sei tudo, aliás, sei muito pouco.
É dividir o pouco que tenho e não me tornar prisioneira do que possuo.
É melhorar o que está ao meu alcance, aceitar o que não pode ser mudado e ter lucidez para distinguir uma coisa da outra.
A paz que hoje trago em meu peito é a confiança naquele que criou e governa o mundo...
A certeza da vida futura e a convicção de que receberei, das leis soberanas da vida, o que a elas tiver oferecido.
Às vezes para manter a paz que hoje mora em meu peito, é preciso silêncio.

Quando alguém está irritado.
Quando a maledicência te procura.
Quando a ofensa te golpeia.
Quando alguém se encoleriza.
Quando a crítica te fere.
Quando escutas uma calúnia.
Quando a ignorância te acusa.
Quando o orgulho te humilha.
Quando a vaidade te provoca.


O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo, que reconstrói, refaz e que consola.

sábado, 29 de março de 2008

Momento de Comemoração!


Ela gosta de sair por aí dizendo que eu falei que ela é perfeita. Mas é mentira. Nunca que eu diria isso! Ainda mais usando os astros como testemunha.
Ela é baixinha, e como todas as baixinhas, faz o gênero abusada. Daquelas que esquecem o tamanho e partem para a briga. É pragmática, séria, cerebral, mas isso é só até a página dois. Ela discute BBB apaixonadamente...e chora com comercial de margarina.
Ela tem um coração enorme, mas a irritante mania de se esconder para lamber as feridas. Ama gatos, séries enlatadas e uma boa discussão. Detesta gente enrolada e não tem muita paciência para quem vive encontrando problemas onde não existe.
Ela não gosta de chocolate e eu acho isso um absurdo. Mas adora ficar conversando até de madrugada e isso é muito bom.
Ela é do tipo que abraça quem gosta, e compra as brigas, junto. Tem um talento para ouvir que quando a gente percebeu, já falou tudo. Ela consegue rir de si mesma, e nos fazer rir junto.
Nesses poucos meses que ela passou a fazer parte da minha vida eu muitas vezes aluguei seus ombros e suas madrugadas. E entre uma frase séria e uma piada (ela sempre faz piada quando as coisas ficam sérias) ela virou amiga, virou a Tia BeBé da janela azul, que meu filho sempre procura no MSN.
Gueixa paraguaia como diz Lolita, ou a tia com foto de gato, como diz o João...
E hoje ela faz aniversário. Não vou dizer quantos anos, por que prezo muito minha integridade física e ela é braba que só vendo!
Queria muito escapar das frases feitas, mas não tem como não te desejar felicidades, saúde...blablablawhiskassachet...

BeBé, o que eu desejo para você é felicidade as dúzias, alegria em doses industriais, te desejo amor sem limites e vida a mil por hora.
Amo você, amiga! Feliz Aniversário!

PS: O João mandou um beijo.

domingo, 23 de março de 2008

DESEJOS....


Não gosto de quem se esconde, de quem usa máscaras e faz de tudo um segredo sem tamanho. Não gosto de quem tem muitas histórias, e nenhuma verdade. Não gosto de quem é incapaz de olhar de frente.
De quem vive nas sombras, sempre em busca de um lugar pra se abrigar.
Não gosto de quem encara o mundo como inimigo, ou de quem exige que ele lhe preste reverências.
Não gosto de quem acha que detém toda a verdade, ou de quem acredita que só sua dor é grande.
Não gosto de quem leva a vida sem se comprometer com nada e nem ninguém. De quem está sempre pronto a pular do barco, ao primeiro sinal de naufrágio.
Não gosto de quem barganha amor e lealdade. De quem acha que pode jogar com tudo e sempre levar vantagem.
Não engulo quem acredita que pode sempre se livrar das consequências, quem brinca com sentimentos, quem coloca preço no afeto.
Detesto quem faz da vida uma competição eterna, e encara cada um como um inimigo em potencial.
De quem machuca com a desculpa de estar se defendendo.
De quem alimenta sua pequenez e alega não conhecer outro caminho, ou tem preguiça de crescer.
Não quero levar a vida como se estivesse em uma eterna festa, mas quero menos ainda estar em um velório constante.
Quero acreditar que o bem ainda vence, que a alegria ainda muda o caminho, que a vontade ainda é maior que a preguiça.
Quero ter coragem de começar de novo, de refazer caminhos, de não me esconder na dor. Não quero escudos! Quero braços abertos.
Quero achar beleza no silêncio, quero ser capaz de consolar, de esquecer o medo. Quero acreditar que amanhã sempre chega, que o escuro sempre acaba, que a vida ainda vale a pena.
E não quero me deixar contaminar por quem perdeu as esperanças. Se eu não puder ser luz, então não quero ser trevas. Se eu não puder ser a mão que levanta, que eu não seja o pé que tropeça.
Não quero perder minha teimosia de acreditar. Não quero ser indiferente...
Que eu seja estrada e não chegada....que eu nunca esqueça de caminhar....

quarta-feira, 19 de março de 2008

Chocolate, doce delícia!


Coloque um quadrado de chocolate, qualquer chocolate... preto, leite, branco, com frutas secas... na boca, deixe-o derreter, desfazer- se.

Vá sentido a consistência, o sabor, o prazer único, exclusivo, requintado, sofisticado até, que privilegia quem o come.

E prepare-se para entrar no mundo, feito de fantasia e também de muito suor e engenho, que está para lá do prazer de degustar o "ouro castanho"

Quando o conquistador espanhol Cortez é confundido pelo imperador asteca Montezuma com o Deus Quetzalcoatl, cuja vinda à terra os oráculos tinham previsto para esse momento, não sabia Montezuma que o pseudo-Deus levaria ao fim da cultura asteca.

Mas também não sabia Cortez que as favas de cacaueiro que serviam de moeda entre os asteca, bem como de bebida dos deuses, elites e povo, e que trouxe consigo no regresso a Espanha, iam ter um tal impacto cultural na Europa.

Europeizado, ou seja, adocicado com cana de açúcar e perfumado com baunilha, logo no século XVI, pela arte de frades que colonizaram a América Central, o cacau batido com água substituiu o vinho entre os colonos.

Na Europa, espalha-se a partir do século XVI e o seu consumo terapêutico - as primeiras chocolatarias estão associadas a farmácias e o cacau é visto como um fortificante desde sempre - passa a ser também lúdico. A bebida de cacau é solidificada na Inglaterra e passa a ser vendida em rolos e em pastilhas, a partir de 1674.

É também na Inglaterra que se dá a industrialização do fabrico de chocolate, no século XIX, e a democratização do seu consumo, no início do século XX. Feito a partir das favas de três tipos de cacaueiro, cujo fruto, a cabossa - assim chamada a partir da palavra cabeça em castelhano -, varia no tamanho - "criollo", mais frágil, "forastero", o mais forte, e o "trinitario", conseguido a partir dos outros dois -, o cacau está cotado na bolsa.

Pelo caminho dos séculos, foi-se desenvolvendo toda uma indústria e uma arte, que passam pela criação do "praliné" pelo belga Jean Neuhaus, pelo cacau em pó e pela manteiga de cacau extraídos pelo holandês Van Houten, pelo chocolate de leite criado pelo suíço Daniel Peter, e o "fondant" criado por outro suíço, Daniel Lindt.

Hoje em dia já se sabe que não é afrodisíaco, como os astecas pensavam, assim como também é dado como certo que não é um vício. E até já se adaptou às regras de saúde pública, com a proliferação do fabrico de chocolates com frutose para poderem ser consumidos por diabéticos. Mas o prazer de saborear um pedaço de chocolate continua inteiro, completo, total. Como no primeiro dia.

domingo, 16 de março de 2008

Pérolas do ENEM


Um grande amigo, que partilha comigo a profissão e os baixos salários me trouxe hoje algumas pérolas do último Exame Nacional do Ensino Médio. Fiquei sem saber se ria ou se chorava. Na dúvida ri, afinal é mais econômico e causa menos rugas!
Os comentários entre parenteses são do Luiz, professor de Geografia e meu grande amigo com alguma colaboração minha. Deêm um desconto a ironia, estávamos meio frustrados....

"O sero mano tem uma missão..." (A minha, por exemplo, é ter que ler isso!)

"O Euninho já provocou secas e enchentes calamitosas..." (Levei uns minutos para identificar o El Niño...)

"O problema ainda é maior se tratando da camada Diozanio!" (Eu não sabia que a camada tinha esse nome bonito)

"Enquanto isso os Zoutros... tudo baixo nive..." (Seja sempre você mesmo!)

"A situação tende a piorar: o madereiros da Amazônia destroem a Mata Atlântica da região." (E, além de tudo, viajam pra caramba, hein?)

"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente." (Entendeu?)

"Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele." (Faz sentido)

"O grande problema do Rio Amazonas é a pesca dos peixes." (Achei que fosse a pesca dos pássaros.)

"É um problema de muita gravidez." (Com certeza... se seu pai usasse camisinha, não leríamos isso!)


"Já está muito de difícil de achar os pandas na Amazônia" (Que pena. Também ursos e elefantes sumiram de lá.)

"A natureza brasileira tem 500 anos e já esta quase se acabando" (Foi trazida nas caravelas, certo?)

"O cerumano no mesmo tempo que constrói, também destroi, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos." (Não conte comigo)

"Na verdade, nem todo desmatamento é tão ruim. Por exemplo, o do AedsEgipte seria um bom beneficácio para o Brasil" (Vamos trocar os carros do fumacê pelas moto-serras)

"Vamos mostrar que somos semelhantemente iguais uns aos outros" (Com algumas diferenças básicas!!)

"... menos desmatamentos, mais florestas arborizadas." (Concordo! De florestas não arborizadas, basta o Saara!)

"... provocando assim a desolamento de grandes expecies raras." (Vocês não sabiam que os animais também tem depressão?)

"Nesta terra ensi plantando tudo dá." (Isto deve ser o português arcaico que Caminha escrevia...)

"Isso tudo é devido ao raios ultra-violentos que recebemos todo dia." (Meu Deus... Haja pára-raio!)

"Tudo isso colaborou com a estinção do micro-leão dourado." (Quem teria sido o fabricante? Compaq? Apple? IBM?)

"Imaginem a bandeira do Brasil. O azul representa o céu, o verde representa as matas, e o amarelo o ouro. O ouro já foi roubado e as matas estão quase se indo. No dia em que roubarem nosso céu, ficaremos sem bandeira." (Ainda bem que temos aquela faixinha onde está escrito "Ordem e Progresso".)

"Ultimamente não se fala em outro assunto anonser sobre o araras azuls que ficam sob voando as matas." (Senhor, por que eu quis ser professor???)

"... são formados pelas bacias esferográficas." (Imaginem as bacias daBIC )

"Eu concordo em gênero e número ingual." (Eu discordo!)

"Precisa-se começar uma reciclagem mental dos humanos, fazer uma verdadeira lavagem celebral em relação ao desmatamento, poluição e depredação de si próprio." (Concordo: depredação de si mesmo!)

"O serigueiro tira borracha das árvores, mas não nunca derrubam as seringas." (Estas podem ser derrubadas porque são descartáveis)

"A concentização é um fato esperansoso para todo território mundial." (Haja coração!)

"Vamos deixar de sermos egoistas e pensarmos um pouco mais em nos mesmos." (Que maravilha!)


quinta-feira, 13 de março de 2008

Meu cantinho....



Nasci e morei no Rio de Janeiro por 28 anos. Com um pequeno intervalo de 2 anos que morei em Niterói, o resto do tempo passei entre o subúrbio e a zona sul do Rio....Irajá, Madureira, Flamengo, Catete, de volta pra Madureira, mais um tiquinho em Irajá.
Ontem conversava com as meninas no msn, enquanto ele teimava em me jogar pra fora, sobre o tempo que trabalhei na Favela de Vigário Geral. Aquela mesmo da Chacina em 92. Fui professora no CIEP que divide a Favela em duas: de um lado Vigário, do outro Lucas. No meio, o único sinal de que o Governo existe, a escola pública.
Depois do papo, e de lembrar que também trabalhei na Maré (aquela da música dos Paralamas), fiquei pensando nos caminhos que me levaram a arrumar as malas e deixar o Rio pra trás.
Tem quem diga que não existe cidade mais linda, tem quem diga que não abandonaria jamais a "cidade maravilhosa"...mas pra mim ela perdeu o encanto faz muito tempo.
Eu não nasci para viver em cidade grande. E descobri isso a primeira vez que pisei aqui, no meu cantinho. Uma cidade pequena, com menos de 50 mil habitantes espalhados (muito espalhados, o que mais tem aqui é espaço vazio!) em quatro distritos. Sem água tratada, sem esgoto, com apenas 3 linhas de ônibus, mas com uma vida que segue em ritmo muito mais tranquilo.
Aqui eu conheço o jornaleiro, o padeiro, todos os vizinhos, sei do corte do pé que o Pedrinho arrumou, roubando manga na casa abandonada, das dores de cabeça da D. Amália, ganho bolo quentinho, assim que sai do forno. Aqui meu filho brinca na rua, joga bola na praia, anda de ônibus...aliás, o único ônibus que faz a linha aqui do bairro, cujo motorista ele conhece por nome e nunca deixa ele perder o ponto.
Aqui ainda vejo estrelas, num céu tão brilhante que faz a gente pensar que não é possível tantos planetas e vida só aqui.A violência aqui é roubo de galinha, uma bicicleta pega "emprestada" e devolvida no dia seguinte...que ninguém até hoje descobriu quem foi.
Saí do Rio estressada por 12 anos de trabalho em condições críticas de violência, de descaso do poder público, de falta de condições mínimas de trabalho. Não sei se isso pode ser visto como desistência, pra mim foi uma questão de auto preservação. Adoro a sensação de andar na rua e encontrar na pracinha a mãe do Marcos, e aproveitar pra bater um papo rápido sobre como ele vai na escola. Aliás rápido não, nada aqui é rápido, tudo tem um ritmo próprio.Gosto de saber que meus alunos não são números. Sei a história deles, conheço suas famílias, sei como vivem e faço também parte da comunidade.
Tudo isso com o mar mais lindo de brinde! Com a mata atlântica, o pouco que restou dela, servindo de moldura aos meus pensamentos. Com um silêncio cheio de pequenos sons, que na cidade grande já esqueceram...pássaros, ondas quebrando, gaivotas gritando, crianças rindo... Cidade maravilhosa? Ahhhh! Pra mim, aqui é muitooo melhor!

terça-feira, 11 de março de 2008

Fanatismo



Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !


Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !


E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

Florbela Espanca


Voltando aos poucos, ainda enroladinha...deixo um presente pra vocês: uma pérola da música !

sexta-feira, 7 de março de 2008

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência



Em seis de Dezembro de 2006, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou um protocolo de intenções, juntamente com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Considerado um documento fundamental para garantir os direitos das pessoas com deficiência ele até hoje, no entanto, ainda não está sendo plenamente aplicado e nem foi ratificado por todos os países membros.
Em seu Artigo primeiro ela declara:

O propósito da presente Convenção é o de promover, proteger e assegurar o desfrute pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua inerente dignidade.

Para garantir sua aplicação ela declara os seguintes propósitos:

*O respeito pela dignidade inerente, independência da pessoa, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e autonomia individual.
*A não-discriminação;
*A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;

*O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;
*A igualdade de oportunidades;
*A acessibilidade;

*A igualdade entre o homem e a mulher; e
*O respeito pelas capacidades em desenvolvimento de crianças com deficiência e respeito pelo seu direito a preservar sua identidade. (artigo 3º)



Você concorda? Acredita que a ratificação desta Convenção pode auxiliar as pessoas com Deficiência? Então participe! Assine o Abaixo Assinado pela Ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Assino Inclusão, eu participo desta luta!






Para assinar clique AQUI

Para conhecer na íntegra o texto da Convenção(arquivo em pdf) e multiplicar essa campanha acesse o site do @ssino inclusão

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ah!!! Cansei...

"Se alguém te machuca uma vez, a culpa é dele...Se alguém te machuca duas vezes, a culpa é sua..."






Cansei de quem acha que tem o direito de ser mimado, cansei de quem cobra sem dar, exige amor sem amar, quer lealdade sendo infiel




Cansei da maldade gratuita, da covardia de quem se esconde, das exigências descabidas. Cansei de quem vê maldade em tudo, enxerga agressão em cada comentário. Cansei de teorias de conspiração, de inseguranças sem motivo. Cansei de quem fala sem saber o que diz.







Cansei de quem julga o outro e não vê seus próprios defeitos, de quem projeta seus medos numa falsa coragem, que vira agressão, que se torna ofensa, que machuca e afasta...



Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas.

Essas e o que faz falta nelas eternamente.
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço, cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço…

Álvaro de Campos

terça-feira, 4 de março de 2008

Saudades....


Saudades da menina de maria chiquinha, laço de fita e sapatinho de verniz, mas, ainda mais, do pé descalço, do banho de mangueiro, da bolha de sabão. Saudades do pique esconde, amarelinha, polícia e ladrão, do leite quente antes de dormir.

Saudades da bicicleta azul, que foi cavalo alasão, moto envenenada e carruagem de princesa. Nada é mais aventureiro que comandar uma bicicleta aos dez anos! O mundo é seu, as ruas são trilhas, os postes árvores, a vida cabe ali, logo depois de virar a esquina.

Saudades de jogar bola na chuva, nadar no rio, das guerras de jabuticaba. Do uniforme engomado, do mirabel na hora do recreio, das provas...não, das provas não! Mas, da cola sim! De escrever na camiseta no último dia de aula ou na primeira folha do caderno novo, de fazer ponta no lápis de cor. Saudades do sinal na hora da saída, da algazarra da educação física...

Saudades do primeiro beijo, do frio na barriga, do cinema de domingo à tarde. Do meu boné cor-de-rosa, do jeans rasgado no joelho. Saudades do namoro escondido, do arrepio, da coragem de se jogar de cabeça, sem medo, sem pensar no amanhã.
Hoje acordei com saudades...de tudo que fui, das alegrias que vivi, dos sonhos que acalentei. Dos amores que deixei para trás, dos amigos que perdi pelo caminho ou que se perderam de mim, sei lá...Só saudades....

segunda-feira, 3 de março de 2008

Superações


Ele tem dezenove anos e é vítima de uma rara doença neurológica, que afeta a medula e causa atrofia e fraqueza nos músculos. Ele vive na Zona Rural e para chegar a escola precisa ser carregado num carrinho de mão, pois as estradas não permitem a passagem de cadeiras de rodas.Ele recebe aulas apenas uma vez por semana em sua própria casa. Ele acaba de ganhar a medalha de ouro da Olimpíada Brasileira de Matemática.

O nome do jovem é Ricardo Oliveira da Silva, filho de lavradores, ele mora em Várzea Alegre no interior do Ceará, distante 447Km de Fortaleza. Quando criança ele foi impedido de frequentar a escola devido a saúde frágil e a falta de adequação dos espaços às suas necesidades.
Ricardo foi alfabetizado em casa, pela mãe, que o ensinou também as operações básicas e rudimentos de História e Geografia. Mais tarde, com o irmão mais novo, Ricardo estudou ciências. Mas era pouco, muito pouco.
Aos dezessete anos ele decidiu enfrentar as barreiras e se matricular em uma escola. Sem qualquer escolaridade anterior, Ricardo foi submetido a uma avaliação e se matriculou na 5º série do ensino fundamental.
O que poderia ser uma vitória foi só mais um passo. As estradas da zona Rural de Varzea Alegre são de terra batida e a cadeira de rodas não consegue passar. A bicicleta, único meio de transporte da família, não apresenta segurança para levar Ricardo que tem problemas de equilibrio. O jeito foi improvisar.
Durante a semana Ricardo estuda sozinho ou com a ajuda do irmão. E uma vez por semana recebe a visita de uma professora que esclarece suas dúvidas. Segundo Maria Zulmira Gino, ele está sempre muito além do que o que foi solicitado."Quando chego aqui, ele já viu o conteúdo e só tenho que dar uma pequena explicação", elogia. Para fazer as provas ele precisa ir até a escola. É quando o improviso entra em cena de novo. Ricardo é transportado num carrinho de mão por um quilômetro.
“Balança muito, é um pouco desconfortável. Mesmo assim vou, pois é o único jeito”, diz resignado.
Mas foi assim, balançando em um carrinho de mão que Ricardo participou de duas Olimpíadas de Matemática e trouxe duas medalhas de ouro. Na última terça-feira ele recebeu a medalha das mãos do presidente da República, em uma cerimônia no Rio de Janeiro. Aplaudido de pé por vários minutos, Ricardo disse ter sido o momento mais emocionante de sua vida.
Além das medalhas da Olimpíada de Matemática, Ricardo também foi ouro nas Olimpíadas de Astronomia e Astronáutica. Devido ao desempenho nos estudos Ricardo já possui computador em casa, mas ainda espera que a internet possa chegar na Zona Rural onde mora. Enquanto isso ele vai sonhando em ser professor. Pra quem só entrou na escola aos dezessete anos, o tempo é algo relativo: "A gente tem que começar sempre devagar e superar os obstáculos um a um para poder chegar longe".


“A vida sempre tem um lado bom e um lado ruim. Mas, se você ficar só pensando no lado ruim, não chega a lugar nenhum" Ricardo Oliveira da Silva

sábado, 1 de março de 2008

Artistas de Todo Dia




São três horas da manhã e eu não consigo dormir. Estou sentada no PC e a luz azulada ilumina meu filho, que dorme serenamente e vai me expulsar da cama, queira eu ou não, em algumas horas. Não é nenhuma novidade, olhá-lo dormir foi uma constante no primeiro ano de vida,quando os médicos consideravam um milagre que estivesse vivo e não me garantiam por quanto tempo ele continuaria aqui. Vem dessa época o hábito de sempre verificar se ele respira, todas as vezes que eu acordo, mesmo sabendo que ele hoje está saudável como um touro.
Hoje, olhando pra ele as palavras do Mack rodam minha cabeça: "Dose para leão é ter que explicar sempre que autista não é artista escrito de forma errada. É viver repetindo que autismo não é doença e, portanto, não tem "cura". É ouvir: "Nossa ela é tão bonita, nem parece que é doente"
Ter um filho, que foge aos padrões do que a sociedade espera e classifica como normal, é mesmo matar um leão por dia. Dois nos fins de semana. É tentar explicar que ele tem o direito de conviver com outras crianças, de ser respeitado, de frequentar o parquinho, a escola, o cinema. Lutar diversas vezes, repetidamente, para garantir que ele tenha atendimento correto, apoio, dignidade. E de repente, num dia qualquer, assistir alguém escrever irresponsabilidades na net e justificá-las apenas na ausência de intenção, no "eu não queria", vazio e sem a menor intenção de reparar o que fez.
Autismo não é doença. Ninguém "pega". Não tem um vírus e nem uma vacina. Não tem um antibiótico ali na esqueina, que vai transformar da noite para o dia, o bebê que não olha nos seus olhos e não sorri, numa criancinha falante e comunicativa. Autismo é um exercício diário de reconquista, de reaproximação. É aprender a entrar no mundo do outro, aprender a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas particularidades.
E também não é como gripe ou sarampo que tem uma única forma e um único caminho de evolução. Dizer autismo é o mesmo que dizer cor....existem várias nuances, vários matizes. Cada um é, mais que nunca, um universo próprio e cheio de possibilidades.
Além deles, existem síndromes várias, que estão dentro do que se convencionou chamar de espectro autista. Existem autistas de auto desempenho tanto quanto existem autistas com deficiências mentais. Eles são louros, morenos, ruivos, altos, baixos, gordos ou magros. Eles sentem, vivem, choram...exatamente como eu e você, e ao mesmo tempo, de uma maneira só deles.
Meu filho tem Síndrome de Asperger, um tipo raro de autismo que atinge 0,36% da população e só foi incluída no código internacional de saúde em 1994. Em 80% dos casos, assim como no autismo clássico, seus portadores são meninos. Diferente do autismo clássico no entanto,em que o comprometimento da linguagem pode chegar a ausência de comunicação verbal, os portadores de asperger tem um desenvolvimento normal da fala em função da idade, mas apresentam uma fala rebuscada, pedante, "falam como mini intelectuais". Apresentam também movimentos esteriotipados, repetição de sons e frases(ecolalia), baixa capacidade de expressão facial, fixação em rotinas e, talvez, a característica mais impactante: a interpretação literal da linguagem falada. Eles levam tudo ao "pé da letra". Tem dificuldades de entender metáforas, ironia, sarcasmo e mentira.
Meu pequeno não tem freio social...ele diz o que pensa e não consegue entender por que alguns precisam mentir. Mentira, definitivamente, não é algo que ele consiga compreender. Não faço da condição do meu filho uma bandeira. O fato dele ter Asperger é só uma característica de sua vida, como ser magro, ter olhos castanhos e pé chato, mas não admito jamais que ele seja lesado em seus direitos. Isso não.
João Victor estuda, pratica esportes, usa o PC, briga na rua, leva bronca, fica de castigo...É tudo um mar de rosas? Não. Há dias em que me canso, em que me questiono. Há dias em que me pergunto por que comigo e não com o filho do vizinho, em que me irrito com mães, que dizem aos filhos que ele é maluco por que faz tratamento psiquiátrico, ou com blogueiras que escrevem que autismo "é vestir óculos cor de rosa da estupidez". Mas sempre há o dia seguinte.
E aí volto a frase do Mack, autista não é artista escrito errado, mas ser mãe e pai de um autista é, às vezes, ser meio artista. Fazer arte do impossível, do pouco comum, fazer a arte de todo dia, aquela que nasce do amor e empurra pra frente. É explicar várias vezes que ele pode saber todas os feriados de hoje até 2100 e mesmo assim não entender o que significa chover canivetes, que ele pode dominar um outro idioma e não ser capaz de amarrar os próprios sapatos...
Autistas não vestem óculos, não vivem uma estupidez cor de rosa. Conviver, criar, educar, AMAR uma criança autista é se jogar de cabeça num mundo que não é o seu e aprender a respeitá-lo em suas diferenças. É uma decisão, uma aventura, um modo de vida, mas é antes de tudo um gesto de amor.
 
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